Oposição venezuelana rompe três anos de boicote e anuncia participação em eleições regionais de novembro

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‘Sabemos que essas eleições não serão nem justas, nem convencionais’, diz comunicado divulgado nesta terça (31) por partidos que integram Mesa da Unidade Democrática (MUD). Oposição ressalta, porém, importância de ‘fortalecer a cidadania e promover verdadeira solução para a grave crise no país’. O líder de oposição Freddy Guevara concede entrevista coletiva em Caracas, na Venezuela, na terça-feira (31)
Reuters/Leonardo Fernandez Viloria
A oposição venezuelana anunciou sua participação unificada nas eleições de prefeitos e governadores previstas em 21 de novembro, rompendo três anos de boicote e convocações à abstenção por falta de condições, informou a plataforma nesta terça-feira (31).
“Anunciamos à comunidade nacional e internacional nossa participação no processo de (eleições) regionais e municipais de 21 de novembro de 2021 pela Mesa da Unidade Democrática (MUD)”, que agrupa os principais partidos opositores, de acordo com um comunicado lido em uma coletiva de imprensa em Caracas.
A oposição não participou das eleições de 2018, quando o presidente Nicolás Maduro foi reeleito, nem das de 2020, quando perderam o controle do Parlamento. Nos dois casos, os opositores tacharam os pleitos de fraudulentos.
“Sabemos que essas eleições não serão nem justas, nem convencionais. A ditadura impôs graves obstáculos que colocam em risco a expressão de mudança do povo venezuelano”, afirma o texto.
O anúncio ocorre em um momento em que o governo de Maduro e a oposição estão no México participando de um processo de negociação que inclui, entre outros pontos, o desenvolvimento de um calendário eleitoral e o estabelecimento de condições.
“No entanto, entendemos que serão um terreno de luta útil para fortalecer a cidadania e promover a verdadeira solução para a grave crise em nosso país: eleições presidenciais e legislativas livres. Vamos nos organizar, nos mobilizar e nos fortaleceremos na unidade a serviço da reinstitucionalização democrática da Venezuela”, acrescentou a oposição no comunicado.
A MUD nasceu em 2008 como uma aliança de oposição que reunia cerca de trinta organizações. Em 2012, se inscreveu como partido para se candidatar às eleições legislativas de 2015, nas quais o chavismo perdeu o Congresso pela primeira vez em 15 anos.
A justiça proibiu o uso do nome MUD há três anos, até 29 de junho, quando foi reabilitado.
O secretário-geral do partido Ação Democrática, Henry Ramos Allup, indicou que a lista de candidatos está “bastante avançada”.
Diversos partidos da oposição já manifestaram o desejo de participar nas eleições regionais, que serão organizadas por um Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com representantes da oposição e do governo, nomeados em negociação interna.
Allup disse que o anúncio veio da plataforma política e não do chamado governo interino liderado por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente encarregado da Venezuela, depois de ignorar a reeleição de Maduro em 2018.
Ele também lembrou que a decisão tem a “aprovação” dos Estados Unidos e da União Europeia em meio ao interesse em se chegar a uma solução para a crise política na Venezuela.
Guaidó, que insiste em que não há condições para uma eleição, não disse se participará.
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Fonte: G1 Mundo